sábado, 26 de abril de 2014

"É o final da vida e o início da sobrevivência."


Carta do Cacique Seattle ao Presidente Norte-americano

(Texto de domínio público distribuído pela ONU)

"O QUE OCORRER COM A TERRA,
RECAIRÁ SOBRE OS FILHOS DA TERRA.
HÁ UMA LIGAÇÃO EM TUDO"

NO ANO DE 1854, O PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS FEZ À UMA TRIBO INDÍGENA A PROPOSTA DE COMPRAR GRANDE PARTE DE SUAS TERRAS, OFERECENDO, EM CONTRAPARTIDA, A CONCESSÃO DE UMA OUTRA"RESERVA". O TEXTO DA RESPOSTA DO CHEFE SEATTLE, DISTRIBUÍDO PELA ONU (PROGRAMA PARA O MEIO AMBIENTE) E AQUI PUBLICADO, TEM SIDO CONSIDERADO, ATRAVÉS DOS TEMPOS, COMO UM DOS MAIS BELOS E PROFUNDOS PRONUNCIAMENTOS JÁ FEITOS A RESPEITO DA DEFESA DO MEIO AMBIENTE.

"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra?

Essa ideia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho. Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas.

Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sucos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem a mesma família.

Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.

Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós. Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo.

O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto,vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem a noite e extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa pra trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda.Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas a primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.

E o que resta da vida se um homem não pode ouvir um choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, a noite? eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebi seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés, é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças, o que ensinamos as nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontecer a terra, acontecerá aos seus filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence a terra.

Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.

Onde está o arvoredo? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.

É o final da vida e o início da sobrevivência."

Cavaleiro solitário?

Desde que a Televídeo abriu suas portas, em 2010, perto da casa de meus pais, evito, na medida do possível, assistir a lançamentos de filmes. Isso porque a Locadora possui um belíssimo acervo de filmes das décadas de 70, 80 e 90. Filmes que são verdadeiros clássicos na filmografia mundial.

Nesses quatro anos de Locadora, fiz uma belíssima amizade com a dona. Inúmeras vezes conversamos sobre filmes diversos e, não raro, discutimos títulos com professores, advogados, jornalistas, entre tantos outros cinéfilos que frequentam o local. Há muito biscoito fino por lá. Amadureci um bocado com isso.

No entanto, alguns dos filmes que assisti nos últimos anos valeram muito à pena. Entre tantos títulos, figuram Alexandria, com a belíssima atuação de Rachel Weisz, O Segredo de Brokeback Mountain, com as ousadas interpretações de Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, e Crash: no limite.

A lista é bem maior, claro. Mas minha intenção aqui não é fazer um rol de filmes. Muito pelo contrário. Meu objetivo é expressar minha insatisfação com a produção cinematográfica do nosso século. Poucos frutos. Frutas superficiais. Uma cobra que devora o próprio rabo.

Torço para que muitos dividam comigo esta opinião. Mas para os que discordam, agradeço. Afinal, é na concordância que não nos sentimos sozinhos (na pompa, na pampa, na nau), e é na discordância que nós descobrimos que alguém nos dá ouvido; e o que é melhor, sem abrir mão de sua criticidade.

Gosto dos filmes pelo roteiro. Se o roteiro é bom, tanto faz se o filme é cru ou não. Franquias pequenas, nesse quesito, valem ouro, mas passam despercebidos pela maioria. Um exemplo é o filme Edukators, de Hans Weingartner, que possui um dos diálogos mais incríveis que assisti até hoje.

Se pareço sisudo, é porque provavelmente sou hoje. No entanto, sinto-me cada vez mais convicto de que a arte só vale à pena se for capaz de nos provocar uma catarse, uma reflexão bastante aprofundada acerca de nossas convicções. Para minha felicidade, um filme da franquia Disney que assisti fez isso.

O filme, O cavaleiro solitário, é um filme de aventura da Disney que mistura outros elementos bastante característicos da franquia, a saber, humor e magia. Um filme que serve pra reunir a família e os amigos na frente da tela, telinha, telona. Mas, para minha surpresa, o filme vai bem mais além.

Antes de dizer o porquê, quero esclarecer duas coisas. Primeiro, o filme é uma adaptação do cowboy norte-americano “The lone ranger”, de Tendle*. Segundo, o adjetivo solitário é descabido, pois as aventuras vividas por John Reid, o Cavaleiro solitário, desenrolam-se na companhia do índio norte-americano Tonto.

Tonto é o verdadeiro protagonista da história. É nele que me detenho neste texto. O personagem, interpretado por Johnny Depp, é quem desencadeia todas as ações mais significativas do filme. Johnny Depp, por sinal, é fabuloso em cena, arrancando-nos gargalhadas do início ao fim.

Para quem assistiu de sobreira a filmes de “bang-bang” na década de 90 e construiu uma imagem de índio que impedia o progresso, o filme faz uma belíssima, mas triste quebra de paradigma. Quebra presente na divertidíssima barganha do índio Tonto no decorrer do filme, no discurso do cacique dos Comanches e no embate da tribo com as forças armadas americanas.



(Ismael Alves)

* Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lone_Ranger

segunda-feira, 7 de abril de 2014

"Ainda que isto não interesse a ninguém, somos felizes"

"Dedico-lhe tudo que escrevo e tudo que tenho. Não é muito, mas ela está contente. Diviso- a agora como afunda os sapatos minúsculos no barro do jardim e depois também afunda suas minúsculas mãos na profundidade da planta. Da terra, com pés e mãos e olhos e voz, trouxe para mim todas as raízes, todas as flores, todos os frutos fragantes da felicidade."

(Pablo Neruda sobre Matilde, sua última esposa, talvez o grande amor de uma vida tão cheia de amores...) 














domingo, 6 de abril de 2014

Voamos

Tu me amas.
Eu te amo.
Nós voamos.


segunda-feira, 31 de março de 2014

"Sabe eu tive um filho..."

Enquanto visualizava as atualizações de amigos no Facebook, recebi uma mensagem direta de uma amiga de longa data. Nela havia um arquivo anexado, uma música em formato MP3.

Assim que vi o nome do arquivo, tive uma surpresa daquelas. Uma música que não ouvia há um bom tempo, As cartas que eu não mando, do Leoni. Não sou fã do cara, mas gosto das músicas. Quiçá, você também!
  
Agradeci a ela pelo gesto de carinho. Até o final deste texto, terei agradecido muito mais. Sem planos, encontros agendados ou cartas de taro, nos encontramos na esquina virtual da rede social. Melhor que isso, impossível!

Em meio a nossa conversa, baixei a música. Internet lenta. O que demoraria dois minutos demorou vinte. Teoria da relatividade? Prefiro não arriscar. Deixo para aqueles calejados no mantra.

   E9
Eu reformei a casa
      E  E9
Você nem soube disso
        A
Nem das outras coisas
        A4   A
Sabe eu tive um filho*


____________

* Trecho da música As cartas que eu não mando, do Leoni.

sábado, 22 de março de 2014

Pouso

Tarde da noite,
O corpo cansado,
Guardo o material de trabalho
E vou dormir.

Pois amanhã é um dia puxado
E é preciso acordar cedo.

Sossegue...
Nosso filho
Dorme enternecido na cama.

Como cresceu
Nosso garoto...

Vejo-te exausta em nossa cama.

Fora um dia cansativo, imagino,
Pois o bebê dá trabalho
E isso é bom.

Deito-me ao largo
E te olho paulatinamente.

Há tanta coisa a dizer,
Mas hoje não.

Hoje eu só quero
Pousar nos teus braços.

Amanhã também.

(Ismael Alves)

terça-feira, 11 de março de 2014

O açúcar


O branco açúcar que adoçará meu café 
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro 
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio 
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana 
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital 
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.

Em usinas escuras, 
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.


(Ferreira Gullar)

segunda-feira, 3 de março de 2014

Versos à boca da noite

Sinto que o tempo sobre mim abate
sua mão pesada. Rugas, dentes, calva...
Uma aceitação maior de tudo,
e o medo de novas descobertas.

Escreverei sonetos de madureza?
Darei aos outros a ilusão de calma?
Serei sempre louco? sempre mentiroso?
Acreditarei em mitos? Zombarei do mundo?

Há muito suspeitei o velho em mim.
Ainda criança, já me atormentava.
Hoje estou só. Nenhum menino salta
de minha vida, para restaurá-la.

Mas se eu pudesse recomeçar o dia!
Usar de novo minha adoração,
meu grito, minha fome...Vejo tudo
impossível e nítido, no espaço.

Lá onde não chegou minha ironia,
entre ídolos de rosto carregado,
ficaste, explicação da minha vida,
como os objetos perdidos na rua.

As experiências se multiplicaram:
viagens, furtos, altas solidões,
o desespero, agora cristal frio,
a melancolia, amada e repelida,

e tanta indecisão entre dois mares,
entre duas mulheres, duas roupas.
Toda essa mão para fazer um gesto
que de tão frágil nunca se modela,

e fica inerte, zona de desejo
selada por arbustos agressivos.
(Um homem se contempla sem amor,
se despe sem qualquer curiosidade.)

Mas vêm o tempo e a ideia do passado
visitar-te na curva de um jardim.
Vem a recordação, e te penetra
dentro de um cinema, subitamente.

E as memórias escorrem do pescoço,
do paletó, da guerra, do arco-íris;
enroscam-se no sono e te perseguem,
à busca de pupila que as reflita.

E depois das memórias vem o tempo
trazer novo sortimento de memórias,
até que, fatigado, te recuses
e não saibas se a vida é ou foi.

Esta casa, que miras de passagem,
estará no Acre? na Argentina? em ti?
que palavra escutaste, e onde, quando?
seria indiferente ou solidária?

Um pedaço de ti rompe a neblina,
voa talvez para a Bahia e deixa
outros pedaços, dissolvidos no atlas,
em País-do-riso e em tua ama preta.

Que confusão de coisas ao crepúsculo!
Que riqueza! sem préstimo, é verdade.
Bom seria captá-las e compô-las
num todo sábio, posto que sensível:

uma ordem, uma luz, uma alegria
baixando sobre o peito despojado.
E já não era o furor dos vinte anos
nem a renúncia às coisas que elegeu,

mas a penetração no lenho dócil,
um mergulho em piscina, sem esforço,
um achado sem dor, uma fusão,
tal uma inteligência do universo

comprada em sal, em rugas e cabelo.

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Mandala


Agora, tão perto de me formar, faz-se parte das obrigações, entre tantas outras, escrever os meus agradecimentos. Rito de passagem, e com 500 caracteres de limite, fiz das tripas coração para agradecer a tanta gente querida. Abaixo, o texto na íntegra, o qual carinhosamente cognominei mandala:

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Agradecimentos

Agradeço, mais do que tudo, aos meus pais e irmã pela dedicação, apoio e incentivo. À minha esposa por ser esta companheira fabulosa. E ao meu filho por ter unido as pontas de minha vida. Agradeço aos meus avós, tios e primos, consanguíneos ou não, que me acalentaram desde o princípio, ainda o presente. Aos meus amigos, porque, simples, amam. E à família de minha esposa pela ponte que nos liga mais. Sou grato a Deus por estas e tantas outras pessoas que partilharam comigo do cansaço, dos sonhos.

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(Ismael Alves)

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"110, 120, 160"

Achava aos quinze (aos dezesseis) que era mais velho do que eu realmente era. Tolice. Nada se compara a esse amadurecer dos últimos dois anos. Empurrado goela abaixo, sim, agora eu me sinto mais velho do que eu realmente sou. É como diz meu querido HG (1) na canção “Segura a onda agora, Dorian Gray”: “Caralho, como estou ficando velho!”.

Sair da casa dos meus pais, casar, ter um filho, arrumar um emprego foram coisas que, confesso, passavam pela minha cabeça como uma canção romântica do século passado (com direto a clipe até). Sem direito a ensaio. Ninguém, com um marca-passo, contou de um a três e disse “ação!”.

Mentiria para você se não dissesse que a minha vida mudou radicalmente. Mas nada de “ladeira abaixo”. Sequer pense algo assim. Ficaria irritado profundamente se pensasse nisso. Há uma expressão melhor para a minha situação (embora a relação esteja apenas clara pra mim): “110, 120, 160”. Acelerei demais, mas quer saber, o motor/o amor/o provedor aguenta.

(Ismael Alves)

(1) HG é Humberto Gessinger.



Imagem: Foto tirada por Beatrice Monteiro. Trecho da música "Carnavália" dos Tribalistas.