segunda-feira, 28 de maio de 2012


Mais uma vez sonhei contigo, Jô.
Estavas tão linda e tão idílica que não resisti,
Corri em tua direção.
Mas não findo o teu encontro.
Assim mesmo não cansei.
Pela manhã, já não mais adormecido,
Me pus a pensar em ti,
E, assim, pensando,
Perdi-me em devaneios.
Não a sonhar romances fantásticos,
De finais novelescos,
Mas a pensar em coisas simples,
Como uma bucólica conversa, servido o café.
Delonga,
São sonhos que tenho.
Saudades. 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Percurso

Percorro teu corpo, cada canto e recanto, cada pedaço, querendo entender teus mistérios e escutar teus silêncios... Percorro teus olhos e sinto que me percorre as veias, que me toma a noite e o peito. Invado-me de ti... Como o corpo que se invade da sede. Como o louco que se invade do sonho.

Distante

Há dias em que te sinto distante como se houvessem erguido mil muros entre meu corpo e o teu, como se minha voz caminhasse mil léguas até te alcançar.
Há dias em que te sinto distante, como se houvessem passado mil eras entre o que fomos e o que somos, como se não pudesse romper a distância entre nossas mãos.
E tudo que eu diria, se soubesse como, seriam mil razões para que ficasses... Repetiria mil vezes o quanto te quero por perto.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Balaio


Vieste

No balanço das águas,

Frágil,

Com a mais leve bruma.

Vestida num cetim bordado

De cores claras,

E margaridas.

Os lábios nus e os cabelos soltos,

Envoltos

Os pés de areia.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Beijo inventado

Quando ele me disse que partia
Quis pedir para que ficasse,
Quis pedir para partir com ele,
Ao invés disso, disse apenas “adeus”

Para abrandar as dores da saudade
Compomos uma poesia
Para que fosse nossa ponte,
Nosso caminho traçado entre o presente e o passado

Lê-la seria como saborear um eterno beijo não-dado
Que seria o mais bonito de todos os beijos
Porque não seria vivido de um fôlego só

Seria dado sempre, a cada vez lida
E a cada vez dado, seria como outro
Como um beijo novo de dois antigos amantes

Uma poesia para amar de novo,
Ou para nunca deixar de amar...
Para inspirar outros beijos, de outras bocas,
De outros amores, de outros tempos...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Refletir-me

Encaro-me,
mas neste fitar
já não sou a mesma.

Os meus olhos postos em mim
invertem-me, revertem o movimento,
devolvem-me o olhar...
Convertem-me em algo novo -
os mesmos olhos com outro olhar.

Neste cismar, penso-me;
Em me pensar, perco-me;
Em me perder, mudo-me.

Em meu olhar, busco-me:
busco a outra sobre a mesma,
busco a mesma sob a outra.