Posta à janela, dali a meia hora, Sofia contemplava as ondas que vinham morrer defronte, e, ao longe, as que se levan-tavam e desfaziam à entrada da barra. A imaginosa dama pergun-tava a si mesma se aquilo era a valsa das águas, e deixava-se ir por essa torrente abaixo, sem velas nem remos. Deu consigo olhando para a rua, ao pé do mar, como procurando os sinais do homem que ali estivera, na antevéspera, alta noite. . . Não juro, mas cuido que achou os sinais. Ao menos, é certo que cotejou o achado com o texto da conversação
"A noite era clara; fiquei cerca de uma hora, entre o mar e a sua casa. A senhora aposto que nem sonhava comigo? Entretanto, eu quase que ouvia a sua respiração. O mar batia com força, é verdade, mas o meu coração não batia menos rijamente; com esta diferença que o mar é estúpido, bate sem saber por que, e o meu coração sabe que batia pela senhora."
Sofia teve um calafrio, procurou esquecer o texto, mas o texto ia-se repetindo"A noite era clara..."
(Disponível
em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/centenario-de-machado-de-assis/quincas-borba4.php)
Assim como Sofia, passei tempos e tempos rememorando essas palavras... “A noite era clara...”
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