sábado, 21 de maio de 2011

O homem e a lua


O velho João encostou-se à janela para cumprimentar a lua... Como estava bonita! A meninada toda riu do gesto e um menino mais danado gritou: “O seu João tá louco! Agora fala com a lua!” A mãe o repreendeu: “Menino, que grosseria!”. Mas, de si para si, também ria. O velho, quieto, sorriu, um sorriso estranho que só ele mesmo entendia... Voltou para sua cadeira solitária e confessou: “Tenho peno dessa gente que nada escuta da lua”.

Um comentário:

José Luis de Barros disse...

Os tenebrosos normais "vivem" tão demasiadamente imersos nesse esmagador cotidiano que acabam por esquecer que eles possuem a capacidade sublimar as dores da existência, que sentimos diariamente por sabermos que algo nos falta, com a contemplação da Lua, que de modo algum é muda. Ela aparece toda a noite para prosear, no entanto, só os que sentem possuem a capacidade de escutar. Que os novos sigam o exemplo do velho João.


Adorei o texto.

Zé Luis