E eis que eu, a casas, quadras, bairros de distância, esbarro
em ti.
Como o distraído passante da rua que, tão alheio do chão,
esbarra na lua...
Como o amante de livros que, do outro lado da vitrine,
esbarra em seu favorito...
Como a cantora desconhecida no bar que esbarra, surpresa, em
alguém a cantar...
Esbarrar assim, de longe? Que bobagem! Que fantasia!
Mas assim esbarrei em ti... Porque algo em mim deteve-se ali,
em tua imagem, em tuas palavras.
E quando algo nosso
se detém no outro, seja o outro a lua, um livro, um homem no bar, não há
gravidade, vitrine, nem mesmo desesperança que façam do que se fez perto, distante.
E você, amor, fez-se perto, desde o primeiro instante.