Dorme, menino,
no colo da lua,
no ventre da noite,
pedaço do céu...
Dorme sereno
como a chuva serena,
como a estrela menina
a brilhar sobre nós...
Dorme agora
nos braços da avó,
nos olhos da mãe,
nos sonhos do pai...
domingo, 21 de abril de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Seus gestos mudos
Por muito tempo permanecíamos
assim, meu pai e eu, juntos em nossas ausências. Simplesmente nos acostumamos
ao som de nossos gestos mudos: ao inexplicável ritual da troca de canal na
televisão, sem que houvesse qualquer troca de palavras; ao bater de talheres no
prato; ao bater do prato na mesa... Alheios àquela sala, àqueles instantes, ao
nosso próprio alheamento... Até que, um dia, os gestos cessaram. E meu pai não
trocou mais de canal, nem bateu seu prato na mesa... E hoje aquele silêncio me
faz tanta falta! Porque o silêncio já não é o mesmo, nem a sala, nem eu mesmo,
sem que soem seus gestos mudos.
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