quarta-feira, 26 de maio de 2010

Canso


...
Canso em teus braços as minhas tristezas.
As alegrias.
Meus dias de bom humor – e os de mau humor.
Canso do mundo,
Descanso em teus braços.
E durmo neles, cansado.
Canso. Mas muito mais descanso,
Em teus braços. Teus laços. Teu nó.


sábado, 15 de maio de 2010

Olho, vivo


Olho o homem que vem e que passa!
Olho o menino parando pra olhar!
Olho o garoto crescido crescendo!
Olho o tempo! Olho a rua envelhecendo!
Olho a mãe levando a vida!
Olho a vida levando a mãe!
Olho a rua, olha a lua!
Olho os pés cansados de andar!
Olho os olhos cansados de olhar!
Olho a curva!
Olho a jovem que se junta ao movimento!
Olho a mudança! Olho a andança! Olho a dança!
Olho o instante, olho o momento!
Olho a vida, finita, correndo!

Prece para meus versos.


Eu desejo...
Que meus versos possam trazer paz
Que meus versos possam ser bem mais
Mais que belas palavras reunidas...
Que meus versos possam trazer calma
E acima de tudo: que possuam alma
Que sejam minha própria alma, aberta, descarada
E que gritem, gritem à alma de quem os quiser ler
mas que eles também saibam falar baixinho,
Sussurar ao coração de quem os lê...
Que meus versos possam um dia ser abrigo
Para aqueles que um dia se fizeram meu abrigo
Para aqueles meus irmãos, pais e amigos
Os tantos que me fizeram e que me fazem
Os que me refazem sempre!
Que meus versos toquem fundo num desconhecido
Que meus versos sejam meu mais intocado domínio
E se por acaso não puderem ser tudo isso...
Que meus versos sejam, sempre
Só isso.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sentenças Incertas...

Certas coisas não se compra
Certos homens não se vendem
Certos gostos não se perde
Certos sonhos não se rendem

Certos amigos não se davam
Certos amantes não se amavam
Em certas verdades não se acreditava
E certas certezas... Nunca se comprovaram

Certos foras não se esquece
Certas mensagens não se perdem
Certos disfarces não se estendem
Certos irmãos não se entendem

Certas canções não se toca
Certas pessoas não se mostram
Certas ofensas não se releva
E certas revelações... Nada revelam

Certos minutos não passam
Certos amigos não se largam
Certos sorrisos não se apagam
Certos amores nunca acabam

Certas histórias não se conta
Certos heróis não se destacam
Certas questões ninguém levanta
Certos visionários não enxergavam

Certos ladrões não se prende
Certas mentiras não se sente
Certas verdades não se calam
E certos sábios... Nunca discursaram

domingo, 9 de maio de 2010

Ser mãe

Ser mãe é ser entrega,
é entregar ao mundo, o que há de melhor: amor.
É ser amor incondicional
e ainda amar a condição de estar ali, incondicionalmente.

Cabe a mãe o acalanto de um abraço,
o calor de que precisa o filho - que necessita o mundo

Cabe a mãe o encargo mais profundo:
a beleza de criar um pedaço de si mesma,
e a grandeza de mostrar ao mundo
a força de um amor que não conhece medidas

Cabe a você, mãe Mônica, mostrar
que ''a medida de amar é amar sem medidas"

Ismael Alves & Beatrice Monteiro,
dedicado a "Teacher" Mônica de Góes que é a mãe dessa parceria.

Você que verso

Você que é verso, é versar
Você que é canto, é cantar e encantar
Você que é feito de sonhos, de sonhar
Você que é asa em que me deito, em que me deixo voar
Você que é doce acalanto a ressoar
Você que é linda melodia ensaiando seu tocar
Você que é aroma penetrante a se espalhar pelo ar
Você que é sorriso tocante de criança ao brincar
Você que é luz e olha a lua, que é amante e ama o luar
Você que é tela de cores vivas que eu não canso de observar
Você que é desenho de amador: o único compromisso é de se expressar
Você que é convicto admirador: admira admirar
Você que é amigo na ausência, que está lá mesmo sem parecer estar
Você que dança, pelo singelo prazer de dançar
Você que ama tantos e faz a melhor pergunta “mas por que não amar?”
Você que é olho brilhando, que é menino a gargalhar
Você que é sentir tão sincero, quer demonstrar, quer celebrar
Você que é chama no frio a persistir em esquentar
Você que vai bem fundo em suas palavras, em seu olhar
Você que num dia de pura sorte tive a chance de encontrar
Você apareceu tão completo... E por inteiro, veio me completar.

sábado, 1 de maio de 2010

Poema e poeta, Ismael

Um tecedor de textos, de sonhos diversos, de versos...
Um interessante interessado... Interessado no movimento da rua, na passagem do tempo... Interessado na arte que parece saltar e cantar em cada esquina, em cada pessoa que se encontra na esquina...
Um apaixonado pela imensidão, pelo além do mero mundo visível, por aquilo que o olhar não alcança... Apaixonado e apaixonante.
Um observador diferente, que prefere olhar para onde ninguém presta atenção, que prefere atentar para aqueles que a maioria ignora, os “invisíveis”, os “insignificantes”...
Um constante atribuidor de significados... Gosta de analisar, de ver diferentes perspectivas... Gosta de olhar e de pensar sobre... E como gosta de expressar seu pensamento!
Um amante leal, fiel da música, da poesia, de seus amigos... De tudo aquilo que lhe comove e lhe transforma por dentro...
Um leitor assíduo de livros e de pessoas... Adora lê-las e relê-las e estudá-las e procurar entendê-las...
Um explorador de sentidos, de impressões... Solve beleza de conversas, de ações... Encontra sabedoria em pequenezas, em aparentes bobagens...
Um ensaio geral! Estar com ele é estar com suas opiniões, é estar com suas percepções...
Uma canção de amor em desordem...
Um menino olhando pela sua janela e atento a tudo que a paisagem lhe desperta...
Um visionário que descobre poesia onde só parece haver meros fatos e encontra canções onde parece reinar o silêncio...
Um tradutor de momentos, de épocas, de ocasiões e sensações...
Um sonhador incorrigível, delirante...
Um delírio ambulante! Em seu discurso – apaixonado ao extremo. Em suas visões, em suas "viagens"...
Um "viajante" assumido... Ele voa, faz as mais inesperadas associações... Mas cada vôo dele celebra um pequeno fato que em sua boca (ou em seus textos) ganha indefiníveis proporções...
Um tocador de sentimentos... Toca em lugares insuspeitos, onde não se espera ser tocado... Suas verdades tocam de forma sincera, profunda, única...
Um proseador... Gosta de divagar... E dá pra sentir sua entrega ao falar!
Um criativo de mente ímpar... Seu prazer é imaginar. Imagens voam em sua “cuca”, palavras, situações... Repensa as palavras de outro. Nas palavras de outros, encontra as suas. E sua criatividade teatral, faz com que ele interprete as mais espantosas – e deliciosas – loucuras.
Um admirador por natureza... Um verdadeiro fã daqueles por quem segue sua vida... Daqueles que justificam seus dias...
Um espírito vivo, inquieto... Quer saber, quer ver, quer ouvir mais e mais... Quer ler, quer amar, sente prazer em amar, sente a intensidade de “ser”...
Um jovem sábio que entendeu como viver pode ser mágico...
Um jogo de idéias, de palavras, um poema inacabado...
Assim vejo - e sinto, e amo - Ismael.

Refaz


Ele é a brisa suave
Que sopra versos em meus ouvidos
Mas é também a rajada forte
Que despenteia meus cabelos
É um vendaval intenso
Arrepiando meu corpo inteiro
E um furacão voraz
Que me transpassa e me refaz

Sereia Morena

Morena luz, morena rosa
Morenas são tuas madeixas e tua prosa
Morena cor, moreno acorde
Morena canção de amor, desejo e sorte
Morena pele, moreno cobre
Morena de porte altivo e alma nobre
Morena índia, morena forte
Morena como a terra que a água beija quando chove
“Me faz pequena, asa morena”*
Teus braços me ensinaram o que é o amor
Sereia morena, cheia de sonhos
Em teu colo deito e sonho, em tua asas sou maior


*Trecho da música "Asa Morena" de Zé Caradípia