sábado, 22 de dezembro de 2012

Quando se abre a cortina


A cortina aberta revela um outro mundo...

Uma outra sede, que não é nossa, mas que sentimos...

Uma outra ferida, que não a nossa, mas que nos sangra...

Um outro jeito de doer, de sentir fome...

Outra maneira de arder e sentir frio...

E a violência nos atinge, mesmo incólumes

E o aperto nos excita, mesmo alheio...

E ficamos presos numa estranha liberdade

de poder partir quando quiser, mas não ir embora...

E nos livramos, por alguns instantes, de nossas próprias dores,

que só cessam quanto tudo cessa,

quando tudo se reduz a nada mais.

A cortina aberta revela outro mundo,

outro modo de assistir à nossa vida.

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