sábado, 22 de dezembro de 2012

Vizinhança


Meus vizinhos, conheci-os todos de relance.

Relance de alegrias, de perdas e amores...

Conheci-os em gritos, em gemidos, em risadas

que escapavam do outro lado do muro,

muito mais íntimos que os cumprimentos vazios

que trocávamos  frente ao portão...


Meus vizinhos, os próximos-distantes,

só os conheci por acaso,

por uma arbitrária convivência lado-a-lado.

Só os entendi pelo hábito

de, volta e meia, romper o muro

erguido entre nossas rotinas.
 

Meus vizinhos diariamente invadiam minha vida com suas vidas,

adentravam minha casa com sua festas, discussões e reformas,

mas de um jeito tão natural e breve

que quase não me perdôo

por não ter mais que um cumprimento vazio

a oferecer frente ao portão.

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