sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Chá mate amargo e morno



“Mate amargo, noite adentro estrada, estranha”*

Bebo chá mate,
Amargo e morno...
Sinto-me um torto...
Vão.

E mesmo, pois, a bebericá-lo, enaltecê-lo, findá-lo,
Sinto o gosto do amargo e do tostado
Preso entre os lábios,
E me dou ao direito de lambê-los lentamente.

Semicerro os olhos...

A xícara vazia de bebida,
A insensatez do gesto,
Vivaldi e suas quatro estações
São um trago só.

Olho pras horas:
Consomem-me as horas,
Os derives
E os deveres

Tragando-me o que o trago me não fez.

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* Trecho da música "Ilex paraguarienses" da banda Engenheiros do Hawaii.

(Imagem: http://www.google.com.br/imgres?start=183&hl=en&tbo=d&rlz=1C1RNAN_enBR453BR453&biw=1366&bih=667&tbm=isch&tbnid=wJeoHEfVkH--IM:&imgrefurl=http://abstratoreal.wordpress.com/2012/10/01/adeus-silencioso/&docid=nwLSGJ3nk55CYM&imgurl=http://abstratoreal.files.wordpress.com/2012/10/xicara.jpg&w=460&h=288&ei=_BAVUaPFCKPO0QHd44HIBA&zoom=1&ved=1t:3588,r:96,s:100,i:292&iact=rc&dur=432&sig=110806949657666573050&page=9&tbnh=175&tbnw=284&ndsp=23&tx=152&ty=36)

Um comentário:

Beatrice Monteiro disse...

Parabéns pelo texto! Sensorial e forte. Gostei especialmente da última frase: "Tragando-me o que o trago me não fez".