quinta-feira, 14 de março de 2013

O meu afogar é calmo no mar revolto

O meu afogar é calmo no mar revolto
porque meu corpo já não contesta a fraqueza da vida,
porque minha vida já não resiste à certeza da morte...

Duro é bater-se contra as ondas,
sobraçando uma esperança
de deitar-se à terra firme e mansa.

Árduo é negar, todo tempo, o Tempo
que se abate sobre nossos dias
feito este mar em fúria.

Mas desistir foi-me um gesto de alívio,
que adormeceu meus sentidos
e anestesiou minhas dores.

Deixo que o mar arraste meu corpo
e dê vida a meus últimos movimentos,
sem qualquer intenção que os guie...

Enquanto meus ouvidos, quase surdos,
silenciam eternamente
as vozes desesperadas que vem da superfície...

As vozes desesperadas dos que insistem em esperar.


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