terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"110, 120, 160"

Achava aos quinze (aos dezesseis) que era mais velho do que eu realmente era. Tolice. Nada se compara a esse amadurecer dos últimos dois anos. Empurrado goela abaixo, sim, agora eu me sinto mais velho do que eu realmente sou. É como diz meu querido HG (1) na canção “Segura a onda agora, Dorian Gray”: “Caralho, como estou ficando velho!”.

Sair da casa dos meus pais, casar, ter um filho, arrumar um emprego foram coisas que, confesso, passavam pela minha cabeça como uma canção romântica do século passado (com direto a clipe até). Sem direito a ensaio. Ninguém, com um marca-passo, contou de um a três e disse “ação!”.

Mentiria para você se não dissesse que a minha vida mudou radicalmente. Mas nada de “ladeira abaixo”. Sequer pense algo assim. Ficaria irritado profundamente se pensasse nisso. Há uma expressão melhor para a minha situação (embora a relação esteja apenas clara pra mim): “110, 120, 160”. Acelerei demais, mas quer saber, o motor/o amor/o provedor aguenta.

(Ismael Alves)

(1) HG é Humberto Gessinger.



Imagem: Foto tirada por Beatrice Monteiro. Trecho da música "Carnavália" dos Tribalistas.

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