Havia se entregado a uma paixão voraz. Dessas que consomem. Uma paixão que lhe marcaria para sempre como amante, no emprego idílico e correto da palavra.
Era um moço que mal conhecera o mundo e, no entanto, descobrira um de seus presentes mais intensos: a paixão – que não lhe seria um bálsamo.
Ela surgira de repente entrecortada naquele mar de gente embriagada por suas vidas, sonhos e compromissos. Parecia ser a única que, entre eles, sabia para onde iria e o que queria fazer. Tinha os cabelos esvoaçantes que lhe cobriam parte da face, fazendo-lhe assim, uma deusa amazona estranha em suas vestes, deusa de sua paixão.
E assim, do mesmo modo como surgira de repente, também se fora. Sumira levando consigo a alegria do acaso, a paz roubada, o coração do jovem. Carregara consigo qualquer sinal de que existia ao fazer existir o que não existia até então: o amor. Abandonara-lhe. Abandonara-lhe um homem.