quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Chama


  Olhava absorto para o objeto. Era certo que os seus olhos estavam ali... mas seus pensamentos não. Em silêncio, apenas observava o objeto: o pôr-do-sol, não mais que isso. 
  Nenhum fruto brotava de sua carne, nenhum filho paria de seus gestos, nenhum verso nascia da sua boca: nem vida. A ponto de não demonstrar qualquer paixão pelo sol que partia em crepusculo, num movimento de cores amarelas, vermelhas, laranjas.
   Uma canção de amor tocou-lhe os ouvidos e dele queimou o peito num dia quente que lhe queimara a pele. Estava sentado de joelhos sob uma velha arvore de folhas secas, despida pelo tempo. Um tempo que fora breve. Um piscar de olhos.
  Os balaios embalados em seus lábios mudos, nos seus olhos sérios, nos cabelos enxutos nada diziam...  

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