segunda-feira, 25 de junho de 2012

As primeiras ondas [Texto Erótico]

Senti medo. Imagino que sentiste também. Mas teu medo disfarçou-se, cortesmente, para que o meu ficasse à vontade para sê-lo. Tua respiração alterada, quase contida, alcançava-me feito um gemido. Queimava a pele. Eriçava os pelos. Eu me perdia na imensidão de teus braços, na vastidão de teu corpo. Diluía-me, dilatava-me em teu calor. Havia um traço de avidez em teus olhos, em tuas mãos que me despiam com ternura, uma ternura quente que eu não conhecia até ali. Parecia impossível ir adiante e tolo tentar voltar atrás. Eram teus olhos nos meus o único motivo para sentir-me segura da entrega. Esquecia-me do medo no escuro dos teus olhos... E meu olhar escorregava por teu rosto, tão bonito e quase sereno, meio oculto pela luz fraca. O medo agora parecia vão. E era.
Foi natural e belo, visceral e sublime. Teu corpo foi de encontro ao meu como uma onda que se desfaz sobre a areia. A praia, ainda encharcada da passagem da primeira onda, acolheu então outra, mais forte, mais intensa. E outra. E outra. Os beijos úmidos indo cada vez mais longe. Mais uma vez. E mais outra vez. E ainda mais longe. A onda precipitava-se de um modo tão profundo que parecia sôfrega do toque da areia. E a própria areia levantava-se, no desejo por mais uma onda, por mais um beijo.
Assim meu corpo conheceu teu corpo... Assim desaguaste tua paixão em mim.



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