quarta-feira, 4 de julho de 2012

Marulho



Vão se lá contigo meus bons anos, moça.
É, é em vão tentar agarrá-los com braços miúdos.
Mas, se muita for a nossa sorte,
Guardaremos algumas fotos na gaveta,
E outras boas lembranças na memória.

É que a gente envelhece, amor, mesmo sem ver a hora.
O garoto que corria com seu pai há tempos atrás,
É quase pai agora.
E não mais lê gibis (revistas de heróis em quadrinhos),
Mas livros, romances e poemas.

Ah, amor, o menino que fui
Só faz parte da minha imaginação hoje.
E é difícil dizer com toda certeza o que é real ou não.
Só às vezes quando eu fecho bem os olhos
Posso vê-lo com seus brinquedos,

E desato a chorar.

Onde ficaram os desenhos e os primeiros poemas que eu fiz?
Não há mais como encontrá-los, tenho certeza,

Que se foram com as primeiras paixões,
O primeiro marejar das ondas.

Mas jamais deixarão de existir,
Eu prometo.

3 comentários:

Beatrice Monteiro disse...

Lindíssimo!

José Luis Guimarães disse...

Não é fácil sem profundo escrevendo simples. E nesse texto você conseguiu estabelecer uma bela união desses dois atributos. Muito bonito. Parabéns. Abraço!

Mônica Martins disse...

Parabéns! Profundo!