sábado, 25 de fevereiro de 2012
Solidão
Silêncio no portão de casa. Na
calçada. Na rua. Na parada de ônibus. No próprio ônibus. Na entrada do
trabalho, um “como vai” desinteressado. Uma mensagem de quem nunca mais
encontramos – uma alegria em silêncio. É noite. Um “até amanhã” corta o
silêncio. Mas o outro já foi, antes que se dê a resposta. De novo, silêncio na
parada. No ônibus. No caminho de casa, apenas o barulho dos próprios passos. Em
casa, as crianças assistem à TV em silêncio. Silêncio no quarto... Pela janela,
luzes, barulho, risadas... A cidade é uma espécie de solidão acompanhada.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Aurora
Acordo sobre teu peito...
Tu és a própria aurora
A conduzir-me pela mão
A um novo dia.
São estes teus braços que afastam a noite escura
Teu sopro quente em minha face é a primeira brisa
Um beijo teu e encho-me de luz:
É minha alegria que, a teu sinal, amanhece.
Pequeno texto sobre grandes mudanças
As grandes mudanças são quase invisíveis, ocorrem de dentro
para fora, de si para si. Erguer ou derrubar muros? Proclamar novos tempos?
Tudo isso é anúncio de mudança, o que muitas vezes é apenas alarde para
convencer os passantes... Grandes mudanças são silenciosas, quase inacessíveis.
O que se percebe delas são indícios. Capta-se no ar que algo que era, embora
continue a ser, agora é de um jeito novo.
Alguns afirmam que são lentas. Acho complicado dizê-lo,
porque delas não se sabe o início... Como saber o andamento? Quem pode
determinar, com precisão de relógio, quando um menino se torna homem? O momento
exato em que uma revolução se iniciou? Não há quando nem onde para coisas
assim. Vê-se sinais da passagem que são mais sensação do que fatos, mais
percepção que visão.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
O Homem da Torre (ou Imo)
Construíra a torre e se escondera nela.
De tudo e de todos.
O tempo passou e, com ele, todos se foram.
Mas sempre vinham à torre os que o amavam.
Fora um dia um homem amável.
Daqueles que dão flores para a amada e saúda os gentis.
Mas um dia, fatídico dia, fora apunhalado pelo amor
E perdeu toda a fé no calor do próximo.
Escondido na sua torre,
Não se via mais do que o seu rosto, se se tivesse sorte.
Comia? Vestia? Amava?
Ainda amava?
A torre, feita de pedra, exibia suas brechas.
Mas mesmo com os olhos muito argutos
Não se podia ver muita coisa,
Tamanha a escuridão de seu lar.
Eis que um dia, no céu de estrelas,
Rebentou violenta tempestade,
Que transbordou rios e destruiu casas.
Deixando todos sem lar, comida e em estado de pânico.
Para a surpresa de todos,
O homem que há muito, muito tempo se escondera na sua torre
Abriu-lhes as portas de sua casa, e fito impassível no seu olhar,
Deu-lhes comida, abrigo e cobertores.
No mais, silêncio.
Não se sabe quanto tempo ficaram ali...
Não cabe medi-lo, alçá-lo, meça-lo.
Como um profundo sono,
Houvera início e fim.
Quanto àqueles que amavam o homem,
Melhor lhes teria sido perecer vítimas da tempestade.
Pois diante deste, descobriram-no escondido.
Muito mais escondido em seu imo do que achavam.
Jamais iriam reencontrá-lo.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Acalanto
Teu
texto veio em forma de acalanto
Para
aquecer minha noite (que era fria)
Cubri-me
do som de tua poesia
Pra
proteger-me do silêncio e da saudade
E
enquanto cai do céu a tempestade,
e
enquanto cai do peito o pranto mudo,
teu
verso me cai feito uma promessa...
Uma
promessa de dias mais bonitos!
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Do teu amor
Das noites sem sono, das noites de frio.
Que me aquece a cama com sonhos muito bonitos.
E me aperta as mãos quando eu tenho medo.
E quando me tens tão frágil em teus braços,
Acarinha-me os cabelos,
Aperta-me ao corpo,
E ri.
Ouço o teu coração bater tão forte.
E o calor que vem das tuas mãos me faz menino.
Sou dependente desses teus abraços, e
Do teu amor.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Partida
Em geral pensamos que partir é querer ficar longe... Muitas
vezes, é. Outras vezes, não.
Há quem parta por querer ficar perto demais... De um jeito
que a distância, mesmo quando pequena, aperta o peito. Há quem parta por medo de ver o outro partir antes.
Há pessoas que partem aos poucos para não terem que partir
de repente... Vão-se primeiro na fala, depois nos olhos e depois partem de
corpo inteiro. Há quem prefira partir a ter seu coração partido.
A partida é mais presente em nossas vidas do que pensamos ou
do que desejamos que seja.
A dor do esquecimento é a dor da partida, quando o que foi
torna-se, definitivamente, o que nunca mais será. Crescer é um movimento de
partida: partimos de nós mesmos para nós mesmos, incessantemente.
Do riso da criança para as lágrimas do jovem inseguro... Das
responsabilidades do adulto à saudade do homem velho.
Partimos do início ao fim: do ventre para o mundo, do mundo
para o Desconhecido.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Notas de um compositor
Sofia apareceu-me de repente e do nada, como um sonho.
Pediu-me uma canção. Eu dei os únicos versos que tinha. Ela os fez vibrar em
uma melodia triste... Chorei ao escutar minha tristeza ressoando em sua voz.
Foi bonito. As pessoas que nos viam pensavam que éramos uma dupla... Creio que
éramos mais: éramos um corpo. Eu era o pensamento, ela, o gesto. Eu era a ideia
que ela fazia ação. Eu sonhava febril... E ela acordava, vibrante, meu sonhos. Eu
criava, ela erguia. Imaginava e ela vivia. Eu era o desejo, a vontade... E ela,
a melodia, esperando que a tocasse.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Presente
Eu vivo o agora,
Porque o antes me deixou chorando no portão de casa
E o futuro me espera com um olhar vazio e cansado.
Eu vivo agora,
Porque os planos que sonhei estão distantes,
mas você está aqui.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Há 10.000 anos atrás...
Texto publicado no site Recanto das Letras (http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/1503006) em 24.03.09.
Foi nesse site que Beatrice me conheceu.
Esse é um texto que publiquei na época, um ensaio.
Infelizmente, nunca mais postei textos lá, mas é um site muito bá!cana.
Espero que gostem.
Não o li novamente, não queria reeditá-lo.
Acho que faria isso se o lesse antes de postar.
Já pensei em escrever um livro. Talvez ainda pense... Já quis um amor pra vida inteira, e ainda quero. Mas às vezes acho tão difícil escolher o café da manhã, imagine uma vida inteira... (- risos.)
Não imagino minha vida daqui há alguns anos, nem mesmo dois dias ou mais. Acho "planos" uma coisa chata! E até prefiro mais a loucura do que a razão; e o espontâneo do que o racional.
Acho mais legal escrever textos do que poesia. Poesia é uma coisa muito misteriosa e dúbia (- quem sabe até mágica.). O poeta morre sem "entender" o que quis escrever, e quem lê morre acreditando que "entendeu" alguma coisa. - risos. Acho até que vou morrer sem entender metade das coisas que queria.
Acredito em Deus, no amor, em fadas, no natal! E acredito que não preciso falar disso o tempo todo. A fé é necessária como "o pão e o vinho"!
Prefiro mulheres de beleza crua do que as "Barbie´s" que andam por aí! Prefiro o bom samba do Chico Buarque ao funk ‘CRÉU’! Mas, enfim, defendo toda democracia!
Sofro com o silêncio do inimigo, com a saudade do ex-amigo e hoje sei que o mal não foi ter medo, é não ter dito (!).
(...)
Meus olhos são mais saudades do que esperança.
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