terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Homem da Torre (ou Imo)


Construíra a torre e se escondera nela.
De tudo e de todos.
O tempo passou e, com ele, todos se foram.
Mas sempre vinham à torre os que o amavam.

Fora um dia um homem amável.
Daqueles que dão flores para a amada e saúda os gentis.
Mas um dia, fatídico dia, fora apunhalado pelo amor
E perdeu toda a fé no calor do próximo.

Escondido na sua torre,
Não se via mais do que o seu rosto, se se tivesse sorte.
Comia? Vestia? Amava?
Ainda amava?

A torre, feita de pedra, exibia suas brechas.
Mas mesmo com os olhos muito argutos
Não se podia ver muita coisa,
Tamanha a escuridão de seu lar.

Eis que um dia, no céu de estrelas,
Rebentou violenta tempestade,
Que transbordou rios e destruiu casas.
Deixando todos sem lar, comida e em estado de pânico.

Para a surpresa de todos,
O homem que há muito, muito tempo se escondera na sua torre
Abriu-lhes as portas de sua casa, e fito impassível no seu olhar,
Deu-lhes comida, abrigo e cobertores.

No mais, silêncio.

Não se sabe quanto tempo ficaram ali...
Não cabe medi-lo, alçá-lo, meça-lo.
Como um profundo sono,
Houvera início e fim.

Quanto àqueles que amavam o homem,
Melhor lhes teria sido perecer vítimas da tempestade.
Pois diante deste, descobriram-no escondido.
Muito mais escondido em seu imo do que achavam.

Jamais iriam reencontrá-lo.

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