sábado, 3 de abril de 2010

Ensaio sobre a loucura


Loucura é não ver o pôr-do-sol.
É não beijar repentinamente,
repetidamente a mulher que amo.
É não sorrir da vida – como um todo.
É não sorrir.

É odiar uma antiga namorada.
É esquecer do que um dia foi risada.
E extinguir...
Extinguir de si a oportunidade de amar
a quem um dia amou.
Talvez, até perdidamente.

Loucura,
É não amar ao próximo,
por não ser teu próximo.
É só amar a si.
É torna-se abstrato.
Pedra no sapato sem nó.

Honra nem sempre é brasão.
Orgulho nem sempre é bom.
Teimosia nem sempre é um dom.

Loucura,
É não ver o pôr-do-sol de cada dia.
É não dar bom-dia.
É não ter gesto.

É não beijar na chuva.
É não fazer careta.
É não correr na rua.
É não girar com a namorada.

É não lembrar toda a felicidade
que a loucura alcança.

Loucura mesmo, é esquecer-se.
É esquecer-se...
Da adversidade.
Da diversidade.
Da necessidade da vida.

Respeite-se a adversidade alheia.
Respeite-se a diversidade humana.
Respeitei-se a vida no planeta.
Respeite-se. Respeite. Replica.

Implique-se ao direito de fazer a diferença.
Isso é importante de se fazer.
Faça.

E viva!
Viva aos “gordos”, aos “magros”; “bonitos” e “feios”.
Branco amarelo negro e vermelho.
Pobre e rico é uma questão de interpretação.
E pra alguns, basta interpretar.

Viva ao chocolate!
Viva aos anos 60!
Viva a vida!
Viva a morena!
Vida a poesia!

Viva ao futebol no domingo!
Viva aquele que vive sempre sorrindo!
Viva a liberdade!

E viva! Viva! Dê um viva ao viva! Vida!
Viva um dia de cada vez!

Loucura seria se não fosse assim.
Loucura seria se não pudesse ser assim.
Loucura seria não poder viver isso.
Um dia de cada vez.



Um comentário:

Beatrice Monteiro disse...

Tão sábio, tão verdadeiro, teu ensaio sobre a loucura...