quarta-feira, 3 de março de 2010

A Borboleta e o Verso


Descobri que as pessoas que
amamos são que nem versos
e que os versos são que nem borboletas
– num bater de asas.
Por isso, não posso aprisionar ninguém.
Ou me aprisionar.

Descobri que as pessoas vêm e vão.
E assim é que deve ser.

Todos devem ser livres.
Com o direito de ir ou vir se quiserem.
... e se voltar que voltem por amor.

Descobri que não se pode
aprisionar uma alma pra sempre.

E que as pessoas que amo
também podem amar outras pessoas. Devem amar.
E que amar ou ser amado por alguém
não me dá o direito de ser dono dela.

Descobri que durante toda a minha vida
terei que fazer escolhas.
E que, quer eu queira ou não,
terei que conviver com elas.
... Mas nenhuma dor será definitiva.
– a não ser que eu deixe.

Descobri que uma única palavra
pode machucar. – principalmente quem amo.

E machucar não significa ser forte.
Ser forte não significa estar seguro.
E estar seguro não significa ter paz.
Os meios nunca justificam os fins.
O ciúme não justifica um amor.

Descobri que não posso fingir
que não existe dor no poema.

E que há fome lá fora.
É questão de tempo até que
a violência bata na porta. E eu terei que abrir.

E posso até beijar mil mulheres. Cruzar mil pernas.

Mas descobri que só preciso de uma.

E o mais importante...
Descobri que alguns dias
serão mais longos do que outros.
Mas cada noite trará uma manhã
– embalada em seus braços.
E cada tarde trará um pôr-do-sol – pra mim.
Sei que o meu filho precisará de um pai.
Sei que o meu pai precisará de um filho.
E eu estarei aqui.

Um comentário:

Beatrice Monteiro disse...

As descobertas de um poeta em quase duas décadas de vida... E que na verdade servem de conselho para qualquer um. Feliz aniversário, amor!