terça-feira, 16 de março de 2010

Eu e os vinis


Nunca tinha parado para pensar, mas desde a infância me sinto atraída por discos de vinil... A simples lembrança deles me agrada. A superfície circular e a textura gostosa do vinil são coisas que, de forma curiosa, mexem com meu espírito.
Gosto deles... Tão grandes, quase inadequados numa era sintética como a nossa, largos. As dimensões de um disco de vinil nos incitam a segurá-los com as duas mãos, como se faz com aquilo que nos é precioso.
A capa... Ela é talvez a parte mais deliciosa do todo disco de vinil. Eu sinto vontade de colecioná-las, as capas. Parecem quadros, fotos grandes, nomes em letras garrafais.
E tem também a dubiedade da coisa... Lado A e lado B. Sempre escolhemos o nosso preferido. E essa parte, a história dos dois lados, nos leva a uma condição inerente aos vinis: o ritual particular de virá-los. É inexplicavelmente gratificante tanto de se ver quanto de fazer com as próprias mãos.
Para mim, eles cheiram a infância, cheiram a estante grande onde ficavam na minha casa. E ao mesmo tempo, transportam-me a uma época que nem pude viver.
Tocar num vinil, para mim, é como alcançar materialmente um passado que não me foi permitido. Que coisa! Parando para pensar, eu realmente amo os vinis!
Lembrei de algo agora... É sobre uma coisa que tenho uma certa vergonha de admitir, um sonho infrutífero de criança. Eu pensei em ser cantora. Quis mesmo. Mas agora posso ver: aquilo não refletia um desejo por estrelato, tão pouco um dom ou coisa do tipo... Eram os discos de vinil, eles, que tanto me influenciaram! Nada me daria mais prazer naquela época e talvez até hoje, que meu nome em letras garrafais, uma linda foto minha, eu na capa de um disco, lado A e lado B, meu.

Nenhum comentário: