sábado, 13 de março de 2010

O Beijo. O Anjo da Morte


    O filho padecia nas mãos do pai. O pai debruçava-se em lágrimas. O filho, já não mais. Chegara a hora da partida e a dor da perca. E num último suspiro, o pai perdia o filho. Lágrimas. Urros. Dor. E um último... E um primeiro beijo.
    Aquela era a primeira vez que o filho sentia o beijo de sua mãe. Era a primeira vez também que podia ouvir sua voz e degustar do seu braço. E do seu amor.
    A mãe o embalou em seus braços e o apertou contra si. Havia calor em seus braços. Havia uma casa em seus braços. E o menino o sentiu. Devorava cada segundo como se fosse o último. Mas era um começo.
    Foi então que se deparou com o pai abstrato em sua frente. Dor. O pai sofria. O filho não. Agora não sentia dor. Agora não sentia. Bradou eloqüente isso. Mas seu pai não ouviu.
   Olhou para a mãe à procura de uma resposta. Silêncio. Foi então que entendeu... Que ela veio para buscá-lo. Ela era a morte. Tão amável como sempre imaginara sua mãe.

Um comentário:

Beatrice Monteiro disse...

Forte... Ousado... Marcante.
Ótimo texto!